O que é Conclave?

Para ser eleito, um cardeal precisa ter  2/3 dos votos e no máximo 80 anos.
A palavra Conclave vem do latim cum clave, que significa "com chave". É uma reunião em clausura dos cardeais, que se desligam de tudo para discernir, através da oração, qual é a vontade de Deus para quem deve assumir a Igreja como novo papa.

Durante o Conclave, os cardeais serão proibidos de utilizar qualquer tipo de comunicação com o exterior, sem telefone ou computadores. Não poderão enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais. O Vaticano ordenou inclusive uma limpeza eletrônica para detectar qualquer possível mecanismo transmissor ou receptor camuflado no âmbito da clausura e colocou um aparelho que restringe os sinais de rádio dentro da Capela Sistina e nas áreas próximas a ela.

No início do conclave, os cardeais farão um juramento de silêncio. Além dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.

O conclave terá início com uma missa votiva "Pro elegendo papa", após a qual os cardeais se dirigirão em procissão até a Capela Sistina, local da eleição, cantando o "Veni Crator" para invocar a ajuda do Espírito Santo, segundo a Constituição Apostólica.

Durante as votações, a cada cardeal é entregue um boletim, papel branco em forma retangular, com o seguinte escrito na parte superior Eligo in summum pontificem (Elejo como Sumo Pontífice), com espaço para escrever o nome escolhido. Exige-se caligrafia clara e em letras maiúsculas.

Preenchidos os boletins, os cardeais entregam-nos junto ao altar levando-os bem visíveis na mão para depositá-los numa urna. No fim de cada votação os votos são queimados. A estes é junta uma substância química que torna a fumaça resultante branca ou preta. Preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo Papa tiver sido eleito. A chaminé por onde a fumaça sai é vista da Praça de S. Pedro. Um repique de sinos de São Pedro se somará ao anúncio do evento

Se depois do terceiro dia nenhum candidato alcançar o mínimo exigido (2/3 dos votos), a Constituição estabelece uma pausa de 24 horas, que será dedicada "à oração, ao colóquio (...) e a uma breve exortação espiritual". Se ocorrerem outras sete votações inúteis, será feita outra pausa de um dia. Se em trinta dias, depois de ter começado o conclave, os cardeais ainda não tiverem o eleito, faz-se uma votação entre os dois mais votados, que é o último escrutínio.

O último ato do conclave é a pergunta que três cardeais fazem ao eleito: "Aceita sua eleição como Sumo Pontífice?". Após a resposta afirmativa, segue outra pergunta, "Quo nomine vis vocari?" ("Como quer ser chamado?").

Depois de ser parabenizado pelos cardeais, o sucessor de Pedro se dirigirá a uma pequena sala contígua onde o esperam três hábitos papais (de tamanhos pequeno, médio e grande) para se vestir. Costuma ser chamada de "Sala das Lágrimas", já que parece que todos os eleitos, sem exceção, choram ali em relativa intimidade diante da magnitude da responsabilidade que acabam de assumir.

Em seguida, o novo Papa vai à sacada da basílica de São Pedro depois que o protodiácono anunciar aos fiéis: "Habemus papam!" para ser apresentado à multidão reunida na gigantesca praça de São Pedro no Vaticano.

Ao longo da história

O Papa Gregório XVI estabeleceu o voto secreto.

Foi Jesus Cristo quem escolheu o primeiro Chefe da Sua Igreja: Simão, a quem chamou de Pedro: “Sobre ti edificarei a minha Igreja” (Mt 16,17). Com a morte de Pedro, crucificado de cabeça para baixo pelo imperador Nero, a Igreja entendeu que precisava continuar a missão de levar o Evangelho a todas as nações, e então, a comunidade nascente escolheu São Lino (67-79); depois Santo Anacleto (79-90), depois São Clemente (90-101), Evaristo (101-107), Alexandre (107-116); Sisto (116-125), Telésforo (125-138), Higino (138-142); Pio (143-155), Aniceto (155-165), Sotero (166-174), Eleutério (174-189), e assim por diante. Essa lista dos doze primeiros papas nos é dada por Santo Irineu de Lião (†202), em sua obra “Contra os hereges”.

No começo da vida da Igreja era a comunidade de Roma quem elegia o Papa; o povo cristão, os diáconos, presbíteros e bispos. Com o tempo a Igreja foi se expandindo e a escolha do Papa começou a sofrer mudanças. Em meados do século XI, o Papa Nicolau II (1058-1061), definiu em sua bula “In Nomine Domini” que somente Cardeais-Bispos poderiam participar da eleição. Em 1179, o Papa Alessandro III estendeu a eleição a todos os Cardeais, sendo que o eleito deveria ter no mínimo 2/3 dos votos, essa última condição é válida em nossos dias.

Em 1274, a Igreja teve o primeiro Conclave oficialmente. O Papa Gregório X (1271-1268), através da constituição apostólica “Ubi periculum”, estabeleceu que os Cardeais eleitores deveriam reunir-se em uma sala do palácio do falecido pontífice, dez dias após a sua morte, e ali permanecerem isolados.

Certas vezes demorava muito para o papa ser eleito por causa das ingerências das famílias nobres (Médicis, Corsinis, Crescêncios, Túsculus, Bórgias, etc. ) e dos imperadores alemães. Por exemplo, uma vez em Viterbo, o Conclave demorou 33 meses para eleger o papa.

Então, caso o Papa não tivesse sido eleito após três dias desde o início do Conclave, a refeição dos Cardeais era reduzida, e se após cinco dias ainda não tivessem eleito o papa, a comida era reduzida a pão, água e vinho. Gregório XVI (1621-1623) publicou duas Constituições, o voto secreto.

Os soberanos católicos tinham o poder de vetar alguns Cardeais indesejados. Isso ocorreu até o ano de 1904, quando o Papa São Pio X, através da Constituição “Commissum nobis”, aboliu o direito de veto das nações católicas.

Em 1970, o Papa Paulo VI definiu  que só poderiam votar no Conclave os cardeais com menos de oitenta anos, e estabeleceu que o número máximo de Cardeais eleitores era de 120, o que vale até hoje.

O Papa João Paulo II em 1996 pelo documento “Universi dominici gregis”,  estabeleceu o local para a clausura dos Cardeais (a Domus Sanctae Marthae), e eliminou a possibilidade de eleição por aclamação e por comprometimento.

Bento XVI assinou uma Carta Apostólica em forma de Motu Próprio, no qual concede aos cardeais a faculdade de antecipar o começo do Conclave se estiverem todos presentes.


Últimos Conclaves: